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Presidenciáveis fazem ‘lista de promessas’ a empresários

Os três principais candidatos ao Executivo receberam 42 propostas da Confederação Nacional da Indústria ontem em Brasília

Aécio: "Quero oferecer ao Brasil um ambiente de segurança jurídica"
Fotos: José Paulo Lacerda/CNI
Dilma: "Não concordamos com tudo, mas continuaremos fazendo o embate técnico e político"
Campos defendeu a adoção de PPPs para alavancar a infraestrutura no País
Brasília - Os três candidatos à Presidência da República mais bem colocados nas pesquisas eleitorais afirmaram ontem a empresários que darão prioridade à reforma tributária caso sejam eleitos em outubro. Eduardo Campos (PSB), Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) participaram do "Diálogo da Indústria", organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com o objetivo de debater as propostas do setor para a economia. Foi a primeira vez que eles estiveram juntos em um mesmo evento desde o início da campanha, no dia 5 de julho.

Tanto Campos como Aécio, que discursaram pela manhã, teceram críticas à administração atual. Primeiro a falar, o ex-governador de Pernambuco defendeu a adoção de parcerias público-privadas (PPPs) para alavancar a infraestrutura do País. De acordo com ele, desde 2010 a indústria brasileira está "estagnada" e o "preconceito com o lucro" mata o investimento. "O Estado não tem no orçamento recursos para fazer a infraestrutura. Precisa da poupança externa e interna privada. Não pode se dar ao luxo de querer impor uma regulação que leve o empreendedor ao prejuízo", afirmou.

O pessebista garantiu que será "o primeiro presidente do ciclo democrático a não aumentar a carga tributária" e que enviará o projeto de reforma ao Congresso Nacional na primeira semana de seu mandato. "Vamos priorizar a votação no primeiro semestre de 2015, mobilizando a sociedade para que ela participe. E teremos a visão clara que de que ela precisa entrar em vigor por etapas, para dar segurança àqueles que muitas vezes correm para impedi-la por medo de perder receita no curto prazo."

O candidato do PSDB foi na mesma linha, acrescentando que a retomada do crescimento da economia e a busca da competitividade serão tratados como "obsessões absolutas" em uma eventual gestão sua. "O que eu quero oferecer ao Brasil é um ambiente de segurança jurídica, com a simplificação do nosso sistema tributário, focando na criação de um IVA (Imposto sobre o Valor Acrescentado), a partir da diminuição do número de impostos diretos."

PIB e inflação
Questionada por alguns setores da indústria devido ao baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e à dificuldade de controlar a inflação, Dilma foi a última sabatinada. A candidata à reeleição chegou por volta de 15h15, acompanhada do vice-presidente, Michel Temer (PMDB), e de ministros de Estado. Em sua fala, ela defendeu a política industrial adotada pelo governo e disse que seguirá buscando o diálogo com a CNI. "Não concordamos com tudo, mas nos respeitamos e continuaremos fazendo o embate técnico e político", afirmou. "Assumo o compromisso de discutir as 42 propostas encaminhadas pela CNI", completou.

A petista prometeu perseguir, em um eventual segundo mandato, uma reforma tributária abrangente, mesmo quando a conjuntura não for a mais favorável. Os principais pontos, segundo ela, serão a simplificação, a desburocratização e a não cumulatividade dos tributos. "Temos consciência de que urge a simplificação do PIS/Cofins, por exemplo. Mas não adianta prometer. Há que se dar os votos para que possamos fazer essas mudanças, até porque vocês sabem que elas já estiveram perto de serem aprovadas." Dilma disse, por outro lado, que acredita ser mais fácil negociar com o Congresso os pontos um a um do que aprovar a reforma integral de uma só vez. "Mas iremos tentar sistematicamente as duas linhas, em paralelo, sem prejuízo uma da outra."

Ao ser interrompida pela mediadora do evento, devido ao esgotamento do tempo, a presidente se justificou, dizendo que estaria em situação diferenciada, por ter de dizer também o que fez. "E se eu fiz, eu tenho capacidade de fazer." Em seguida, a organização da sabatina explicou que as condições foram acordadas previamente e que, independentemente das situações dos candidatos, seguiam a orientação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Entre os feitos de sua gestão, ela exaltou os investimentos no pré-sal, cujo fundo social "permitirá um salto na educação", e no Pronatec, "que contribui para aumentar a produtividade e reduzir custos". A candidata à reeleição afirmou ainda que o Brasil possui hoje "a menor taxa de juros da história recente da República", "mesmo com tudo o que nós enfrentamos nos últimos tempos". "Estamos construindo uma base sólida. E vamos entrar num novo ciclo, de competitividade produtiva."

Redução da máquina
Aécio Neves prometeu reduzir, se eleito, o número de ministérios do governo federal pela metade já no primeiro dia do seu mandato. Hoje, a estrutura da administração federal conta com 39 pastas. Ele não adiantou, contudo, quais delas seriam "cortadas". "Vários ministérios existem hoje para acomodar aliados políticos ou correntes dentro do próprio PT. O que eu vou estabelecer é a racionalidade do Estado brasileiro", alfinetou. Segundo o tucano, a adoção de uma máquina mais enxuta não significaria que as políticas públicas adotadas deixariam de ser importantes para o governo. "Ao contrário, de forma desburocratizada, as ações poderão ter mais efetividade do que vêm tendo hoje."

O ex-governador de Minas Gerais propôs ainda reduzir em um terço a quantidade de cargos comissionados e adotar "a meritocracia" na administração pública. "Queremos, onde for possível, estabelecer o sistema de metas, que sirva de estímulo à prestação de serviços de qualidade", discursou.

Em coletiva ao final do evento, Dilma rebateu o tucano, dizendo ter algumas superstições - entre elas não sentar na cadeira de presidente antes de eleita. "Posso discutir os ministérios no meu governo atual. Se não tivéssemos a secretaria da micro e pequena empresa, não teríamos aprovado o Simples Nacional", exemplificou, citando ainda as pastas de direitos humanos e das mulheres como responsáveis por implementar políticas públicas importantes. "São com essas secretarias que querem acabar? Os ministérios da Fazenda, da Saúde e da Educação não pode ser. Então me digam quais que eu discuto atentamente."

A repórter viajou a Brasília a convite da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep).
Mariana Franco Ramos
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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