Gelos também podem ser contaminados
É natural a
população deduzir que o gelo é livre de qualquer tipo de contaminação viral e
bacteriana. Mas diversos estudos realizados nos últimos anos no Brasil apontam
que os gelos, principalmente produzidos comercialmente para gelar bebidas em
estabelecimentos ou nas praias, podem ser contaminados por microrganismos
nocivos à saúde humana.
Um dos
primeiros estudos sobre o assunto foi realizado em 2003 e publicado
em reportagem especial da Ong AIDS.
Encomendado pela Associação Brasileira do Alumínio (Abal), amostras de gelos
industriais manipulados e produzidos por vendedores de bebidas foram enviados
para o Instituto de Tecnologia de Alimentos de São Paulo para análise.
Em todas as
amostras, havia níveis de contaminação de microrganismos aeróbios mesófilos,
bem como bolores e leveduras acima de 50 unidades formadores de colônias por
centímetro quadrado. Essa é uma quantidade muito acima do recomendado pela
Organização Mundial de Saúde (OMS).
O estudo
aponta que as laterais externas das latas de refrigerantes e cervejas, por
exemplo, contém vírus e principalmente bactérias e fungos e esses organismos
estão presentes, por incrível que pareça nos gelos utilizados para a
refrigeração dos produtos.
O curioso do
estudo é que, segundo infectologista Edmilson Migowski, da Universidade Federal
do Rio de Janeiro, organismos encontrados em grande escala no gelo podem ser
indícios da existência de outras ameaças, como o vírus da hepatite A, pois esse
vírus é muito resistente até mesmo para
temperaturas abaixo de zero, como os gelos.
Outro estudo
mais atualizado, publicado em outubro de 2013 pelo
Congresso Brasileiro de Química
revela que gelos utilizados por empresas para refrigeração de alimentos em
geral, em grande parte, contém valores para coliformes totais e termotolerantes
variando entre 23 e 1100 NMP/100mL. Vale ressaltar que Ministério da Saúde
exige ausência de coliformes e totais e E.
coli em água destinada ao consumo humano. Mesmo que o gelo usado para
resfriar embalagens de bebidas, por exemplo, é arriscada tal contaminação.
Gelos usados para conservar carnes em estabelecimentos comerciais – peixarias
são bom exemplo – são possíveis de contaminação.
Da mesma
forma que os alimentos em geral, o gelo precisa ser manipulado e estocado sob
condições sanitárias satisfatórias que evite sua contaminação. O gelo deve ser
inodoro, insípido, sem nenhuma sujidade, parasitas e larvas. Essas normas são
previstas pela legislação sanitária que estabelece que água potável deva ser
utilizada na manipulação de alimentos e isso inclui, certamente, a manipulação
de gelos.
Algumas
empresas, como restaurantes e supermercados fabricam o próprio gelo, pois isso
diminui custos. A produção geralmente é feita em grande escala e utilizam
máquinas de gelo com capacidades adequadas a demanda de cada estabelecimento.
Esses aparelhos que fazem gelos em grande escala precisam ser higienizados com
certa frequência.
O Inmetro
recomenda que a população, ao visitar bares, restaurantes e até supermercados,
em caso de dúvidas ou desconfianças deve solicitar o certificado e documento
atualizado da fiscalização da vigilância sanitária. Porém, na maioria das
cidades brasileiras, até como consequência da baixa qualidade da saúde pública no
país, conforme já
publicado no blog do Chaguinhas, falta fiscalização eficiente por parte das
autoridades de saúde.
Paulo Augusto Sebin
é jornalista especializado em SEO. Reside na cidade de Londrina e trabalha no departamento
de comunicação da empresa Termall.
Atuou como assessor de imprensa para determinada casa lotérica de Londrina e
jornal impresso. Também trabalhou em algumas emissoras de rádio. É fundador do
projeto SEO Guru.
Artigo escrito especialmente para blog do Chaguinhas.