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Brasil reduz pobreza extrema em 75%

FAO aponta que 8,4% da população, ainda vivem com menos de US$ 2 por dia

Gustavo Carneiro
Em Londrina, mais de 14 mil famílias são beneficiadas pelo programa federal
Londrina - Mapa da Fome 2013, apresentado ontem em Roma pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês), mostra que o Brasil conseguiu reduzir a pobreza extrema - classificada com o número de pessoas que vivem com menos de US$ 1 ao dia - em 75% entre 2001 e 2012. No mesmo período, a pobreza foi reduzida em 65%. Apresentado como um dos casos mundiais de sucesso na redução da fome, o Brasil, no entanto, ainda tem mais de 16 milhões vivendo na pobreza: 8,4% da população brasileira vivem com menos de US$ 2 por dia.

O relatório da FAO mostra que o Brasil segue sendo um dos países com maior progresso no combate à fome e cita a criação do programa Fome Zero, em 2003, como uma das razões para o progresso do País nessa área. Não por acaso, criado pelo então ministro do governo Lula, José Graziano, hoje diretor-geral da FAO.

Inicialmente concebido dentro do Ministério de Segurança Alimentar, o programa era um conjunto de ações nessa área que tinha como estrela um cartão alimentação, que permitia aos usuários apenas a compra de comida. Logo substituído pelo Bolsa Família, o Fome Zero foi transformado em um slogan de marketing englobando todas as ações do governo nessa área. "O resultado desses esforços são demonstrados pelo sucesso do Brasil em alcançar as metas estabelecidas internacionalmente", diz o relatório, ressaltando que o Brasil investiu aproximadamente US$ 35 bilhões em ações de redução da pobreza em 2013.

Avanço
Professor no departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde também dá aulas de pós-graduação em políticas públicas, o economista Huáscar Pessale avalia como um avanço o salto dado pelo Brasil no Mapa da Fome. "Se o resultado realmente for metade do que se apresentou, é um grande avanço", comenta. Segundo ele, programas assistenciais como o Bolsa Família, que veio a encorpar o Fome Zero, tiveram como aspecto positivo o fato de gerar um efeito de alívio entre a população que vivia em situação de extrema pobreza. "É um programa que não deve ser pensado a curto prazo, ao contrário, é para durar pelo menos uma geração inteira. Pessoas acima da faixa etária de 35, 40 anos que não tiveram estudo adequado e uma qualificação profissional provavelmente nunca vão ter outra oportunidade de ascensão na vida. Talvez os filhos dessas famílias possam reverter esse quadro", observa.

E o maior desafio dos próximos governantes, no entendimento do professor, é aperfeiçoar esses programas, que na visão de muitos críticos perderam o caráter assistencial e viraram muito mais assistencialistas. "A renda concedida por programas como o Bolsa Família ajuda a aliviar problemas relacionados à extrema pobreza, mas não é capaz de proporcionar uma educação prolongada e o atendimento mais sofisticado à saúde. Espera-se que na próxima geração o problema mais sério a ser resolvido pelos governantes seja outro", aponta Pessale. "Essa geração beneficiada pelo Bolsa Família já foi exposta à educação, e já está cobrando um sistema educacional de qualidade. De qualquer forma, eles vão ter estudado muito mais do que seus pais, vão ter outras perspectivas e vão passar a cobrar outras coisas do Estado. O que os próximos governos têm que fazer é preparar o terreno para essas novas demandas que vão surgir das novas gerações", declara o economista.(Com Agência Estado)

FOLHA DE LONDRINA
Diego Prazeres
Reportagem Local
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