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Escolinha de futebol leva esperança a jovens da periferia de Londrina

Meninos e meninas, entre 8 e 16 anos, fazem parte de projeto social que começa a colher frutos no Jardim União da Vitória

Fotos: Lis Sayuri
O corintiano Lourran Fabiano (à dir.) é um dos alunos que trocou as ruas pelos ensinamentos do futebol
Francisco Freitas tem um objetivo principal no projeto social: "Espero que daqui saiam homens, cidadãos de bem. Quero salvar vidas"
É num pedaço de chão, coberto por uma grama rala e bem irregular, que crianças e adolescentes, com idade entre 8 e 16 anos, do Jardim União da Vitória, na periferia da zona sul de Londrina, estão ganhando uma oportunidade de trocarem as ruas pelo futebol e seus ensinamentos. Eles são quase 80 e fazem parte de um projeto social que está engatinhando e é tocado por um ex-jogador de futebol.

Francisco Freitas, de 47 anos, foi criado na periferia de Brasília e conseguiu vencer na vida graças ao esporte. Foi lateral-direito e volante de clubes como Brasiliense, Matsubara, Londrina, Goiás, Linense, entre outros. Atuou ainda no futebol japonês. Após parar, veio morar em Londrina e até então dividia seu tempo entre o trabalho na Prefeitura de Florestópolis e as aulas de futebol que ministra em um condomínio de luxo em Londrina.

Ele conta que conheceu o Jardim União da Vitória após uma visita à nova namorada que lá morava. "O que eu vi aqui, me tocou o coração e me motivou a abrir essa escolinha. É a forma que eu tinha para ajudar", contou.

Freitas, então, correu atrás de parceiros. Conseguiu a liberação de um espaço de grama nos fundos do antigo Centro de Atendimento Integrado à Criança (Caic), do União da Vitória, e da surrada quadra do local para trabalhar com os garotos. Conseguiu com um empresário, o café da manhã nos dias de treino. Com mães e pais de alunos de uma outra escolinha localizada na Gleba Palhano, levantou tênis de futsal para a molecada treinar e das mães dos garotos do projeto ganhou agradecimentos pela trabalho que vem fazendo e pelas mudanças comportamentais que já vêm sendo notadas nos filhos.

A dona de casa Márcia Luiza e Lima, de 38 anos, não falta a um treino. Além de mãe de aluno, ela ajuda Freitas no trabalho com as crianças. "Eu não sei nada de futebol, mas ajudo como posso. O Freitas faz um belo trabalho. Muitas crianças estão bem melhor no convívio em casa e com os amigos. As crianças gostam de vir aqui porque recebem calor humano. Algumas não têm isso em casa", contou dona Márcia, que caminha com o filho quase três quilômetros para ir e outros três para voltar desde sua casa, no Jardim Nova Esperança, até o local dos treinos.

Freitas conta que é linha dura com os garotos. A disciplina precisa imperar na visão dele. "Aqui tem que ser igual sargento", reforçou.

E a disciplina rígida vem dando resultados. Quem garante são os próprios meninos. Lourran Felipe Fabiano, de 10 anos, é um deles. "Estou gostando, principalmente porque me tirou das ruas. Eu ficava andando por aí, brigando. Agora estou de boa", disse o corintianinho, fã do artilheiro Paolo Guerreiro.

Já Lucas Vinícius Alves dos Santos, de 11, prefere o lado didático das aulas. "Nós aprendemos a jogar bola, aprendemos a posição em que nós temos mais futuro. O professor também fala para gente estudar e não fazermos coisas erradas", disse.

"Espero que daqui saiam homens, cidadãos de bem. Quero salvar vidas", finalizou Freitas. As aulas são às segundas e quintas, às 8h30 e às 14 horas.
Thiago Mossini
Reportagem Local-folha de londrina
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