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Londrinense vê indústria como solução para crescimento local

Pesquisa aponta que 82,2% veem industrialização como melhor alternativa e 77,4% rejeitam vocação para comércio e serviços

Saulo Ohara
Segundo Charles Vezozzo, presidente do Fórum, pesquisa mostra que a industrialização da cidade precisa ter maior volume
O londrinense considera a cidade boa para se morar e tem orgulho de sua origem, mas um em cada cinco jovens de 16 a 20 anos acredita que terá de se mudar para outro município nos próximos 12 meses. A explicação mais aceita pelos integrantes do Fórum Desenvolve Londrina, que divulgaram ontem os dados, é que a baixa taxa de industrialização local faz com que os mais jovens sintam a necessidade de procurar emprego pelo País.

Se cruzados os dados da 3ª Pesquisa de Percepção da População sobre a Cidade de Londrina e do Manual de Indicadores de Desenvolvimento 2014, ambos lançados ontem pelo Fórum, é possível perceber que a economia da cidade entrou em desaquecimento nos últimos anos e que os moradores têm sentido o baque. Foi a primeira edição em que o sentimento dos moradores sobre a industrialização em Londrina foi abordado nas entrevistas e a aceitação foi considerada positiva para 82,2%, como uma solução. A pesquisa ainda mostrou que 77,4% rejeitam vocação da cidade para comércio e serviços. Por isso, a entidade prepara uma pesquisa mais extensa e propositiva sobre a industrialização, que deve ser lançada até março de 2015.

Entre as causas para essa percepção aparece o menor desenvolvimento do Produto Interno Bruto (PIB) per capita londrinense. O valor era superior em R$ 1,4 mil ao nacional em 2004, mas a diferença caiu até a crise de 2008 e 2009. Em 2011, último ano considerado pelo Fórum, a renda anual brasileira já era quase R$ 500 maior do que a dos trabalhadores pés-vermelhos.

O resultado ajuda a explicar como, nos últimos três anos, a fatia de moradores que acreditam que terão de deixar a cidade em 12 meses aumentou de 8,3% em 2012, para 8,8% em 2013 e para 11,4% neste ano. A fatia é ainda maior entre os jovens de 16 a 20 anos, faixa na qual 21,5% têm a percepção de que terão de se mudar.

Coordenador da pesquisa de percepção e integrante do Fórum, o diretor de mercado na Cebrac Franchising, Fábio Pozza, diz que parte da explicação para a tendência à migração de jovens é a falta de oportunidades de trabalho. "Aquela visão de que Londrina é uma cidade voltada ao comércio e serviços não é uma visão amparada pela população da cidade."

O presidente do Fórum, Charles Vezozzo, alerta que pesquisas de percepção podem provocar distorções e cita o exemplo de que, por mais que os índices de criminalidade caiam ou subam, isso não implicaria necessariamente no sentimento de maior segurança por parte da população. "A pesquisa nos surpreendeu porque, historicamente, ouvimos falar até há alguns anos que a população de Londrina não queria a industrialização, porque poluía e tal, e essa pesquisa de percepção se revelou diferente."

Vezozzo ressalta outro indicador, de que 54,6% acreditam que as cidades industrializadas têm muitos problemas sociais e ambientais. "Lógico que pode trazer o ônus e o bônus, mas mostra que a população está disposta (à industrialização)", diz.

Aprovação
Outro ponto que contribui para a tese é que 77,1% consideram Londrina boa para se viver e 75,6% têm orgulho de dizer que é da cidade. Se mesmo assim um quinto dos jovens acredita que terá de sair da cidade em até um ano, Pozza diz que ganha força a tese da motivação econômica. "Percebemos que nossa industrialização precisa ter maior volume e a própria população tem essa percepção", completa Vezozzo, que considera que comparações com municípios do mesmo porte, como Joinville (SC) e Ribeirão Preto (SP) dão força à tese.

folha de londrina
Fábio Galiotto
Reportagem Local
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