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Rotatividade no mercado de trabalho atinge 63,7%

Agricultura, construção civil e comércio lideram movimentação de trabalhadores

Anderson Coelho
Segundo Sinduscon, 90% da rotatividade no setor da construção está ligada à periodicidade das obras
Construção civil, agricultura e comércio são os três setores em que há maior rotatividade de trabalhadores no País. No primeiro, o índice global (que inclui todos os desligamentos, independente do motivo) chegou a 115% em 2013; no segundo, a 88,8%; e na área comercial atingiu 64,2%. Os dados fazem parte de um estudo do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), divulgado ontem.

O estudo acompanha o mercado de trabalho celetista de 2002 a 2013. Nesse período, a rotatividade global subiu de 52,4% para 63,7%. Já a taxa de rotatividade descontada - aquela que exclui motivos ligados ao trabalhadores, como morte, aposentadoria, transferências e desligamentos a pedido -, foi de 43,4%. Os desligamentos predominam entre pessoas com até 39 anos e com menor escolaridade.

Outra conclusão do MTE e do Dieese é que predomina no Brasil o emprego de curta duração. Entre 2002 e 2013, cerca de 45% dos desligamentos ocorreram com menos de seis meses de contrato de trabalho e cerca de 65% sequer atingiram um ano completo. O diretor do Sindicato da Construção Civil (Sinduscon) do Norte do Paraná, José Carlos Salgueiro, afirma que 90% da rotatividade no setor está ligada à periodicidade das obras. Segundo ele, os contratos têm duração média de seis a oito meses.

"Outra situação é que trabalhamos com pessoal específico, por exemplo, um carpinteiro não trabalha na obra toda, mas em um período dela", explica. Salgueiro diz também que a busca por seguro desemprego ainda impacta no setor, ou seja, existem casos em que o trabalhador provoca a demissão a fim de receber o benefício e continuar trabalhando de maneira informal.

"A gente não pega esse trabalhador, mas, às vezes, em serviço particular as pessoas contratam", diz. Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Londrina (Sintracom), Denilson Pestana, esta não é uma situação real. Segundo ele, o atual quadro de pleno emprego no País permite ao trabalhador escolher qual a melhor vaga.

"Muita gente fala que está tendo enxurrada de demissões, mas está tendo demissões e contratações, e mantendo o nível de emprego", afirma. Atualmente, o setor emprega cerca de 12 mil pessoas na região, número que foi ainda maior no passado. Pestana ressalta que o setor da construção civil passou por mudanças drásticas nas últimas décadas, com a tecnologia suprindo parte da mão de obra. "A obra era quase artesanal; hoje, estamos com uma linha de produção industrial na construção", destaca.

Temporários

No setor agrícola, a sazonalidade explica a alta rotatividade, segundo o presidente do Sindicato Rural Patronal de Londrina, Narciso Pissinati. Contratos temporários são comuns durante o período de plantio e, depois, de colheita. As durações variam entre 30 e 90 dias. Porém, para Pissinati, caso os custos dos encargos trabalhistas fossem menores haveria maior estímulo à contratação prolongada.

"A gente percebe que na nossa região virou monocultura e o pequeno produtor mesmo acaba arrendando as terras, porque o custo da mão de obra é muito elevado", reclama. A reportagem não conseguiu contato com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná nem com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais para comentarem o assunto. (com Agência Estado)
Cecília França
Reportagem Local-folha de londrina
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