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Jovem é indenizado em R$ 30 mil por cyberbullying no Norte Pioneiro


Caso ocorreu entre estudantes da UTFPR de Cornélio Procópio. Conforme juíza, a situação abalou "a moral e emocional do autor perante toda a comunidade estudantil"

Shutterstock
Toda pessoa que sofre bullying, independentemente do ambiente em que ocorra, pode acionar o judiciário por ter sua honra, imagem ou algum direito violado
Cornélio Procópio – Um jovem de 19 anos foi indenizado em R$ 30 mil por danos morais, após ter sido humilhado em vídeos que foram compartilhados em grupos da rede social WhatsApp. As imagens foram feitas em 2013, em uma república de estudantes da Universidade Federal Tecnológica do Paraná (UTFPR), de Cornélio Procópio. A sentença foi proferida na semana passada, pela juíza interina da 2ª Vara Cível de Cornélio Procópio, Chélida Roberta Soterroni Heitzmann.

Conforme a vítima, que preferiu manter a identidade em sigilo, dois rapazes que moravam na mesma casa contaminaram com fezes e sêmen humanos objetos pessoais e o leite consumido, sem que ele tivesse conhecimento. Toda agressão foi filmada pelos acusados (um deles aparece nas imagens) e compartilhada na internet. "Eu nunca imaginei que pudessem fazer algo desse tipo. Eles eram meus amigos de infância, de dentro de casa, nossas famílias eram amigas", conta o rapaz.

O episódio ocorreu logo após a vítima ter anunciado que iria sair da república. "Eles ficaram com ódio de mim, pois eu não aguentava mais as bagunças e a sujeira da casa. Era impossível estudar. Vivíamos em conflito por causa disso", lembra.

As filmagens só foram descobertas quando um anônimo lhe enviou os vídeos pelo Facebook. "Eu estava no estágio. Fiquei transtornado, chorei muito. Liguei para os meus pais, que foram para Cornélio imediatamente e fizemos um boletim de ocorrências na delegacia", conta.

Mas o pior, para ele, foi voltar para a universidade. "Embora todo mundo tenha ficado revoltado e me dado apoio, era horrível ver as pessoas me olhando, ser reconhecido por um episódio tão repulsivo. Pensei seriamente em não voltar mais".

Vítima e agressor estudavam na mesma sala. "Tive que conviver com ele duas semanas depois que o caso estourou. O clima era tão horrível, que ele acabou abandonando do curso".

A vítima já se formou e não mora mais em Cornélio Procópio, mas as marcas do episódio continuam expostas. "Não consigo mais beber leite, e ainda me causa muita amargura lembrar de tudo aquilo".

O rapaz se diz satisfeito com a sentença do processo. "A Justiça foi feita, porém, se me dessem R$ 30 mil para passar por tudo isso novamente, eu nunca aceitaria. Dinheiro nenhum paga essa humilhação".

Na sentença, a juíza embasa que "é induvidoso que as maldosas atitudes do réu tiveram o condão de causar o dano moral, pois abalaram a moral e emocional do autor perante toda a comunidade estudantil da UTFPR". O acusado ainda pode entrar com pedido de recurso junto Tribunal de Justiça.
Rubia Pimenta
Especial para a FOLHA DE LONDRINA
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