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Motorista pode responder por homicídio doloso

Alta velocidade teria sido a causa de acidente que matou oito na BR-369

Fotos: Gustavo Carneiro
Ônibus saiu da pista em um dos trevos de acesso a Bandeirantes
"Há marcas na via de frenagem de 30 a 40 metros. O freio foi acionado", garantiu o delegado Michel Araújo
Bandeirantes – O motorista José Carlos Vieira, condutor do ônibus de turismo que se envolveu em um acidente na segunda-feira na BR-369, em Bandeirantes (Norte Pioneiro), no qual oito pessoas morreram, pode responder por homicídio doloso por ter assumido o risco em virtude da alta velocidade. A maioria dos depoimentos dos 16 passageiros já ouvidos confirmou que o condutor trafegou acima da velocidade permitida em grande parte da viagem.

O ônibus saiu de São Paulo com 45 passageiros no dia 18 com destino a Foz do Iguaçu. O acidente aconteceu no retorno no Km 52 da rodovia em um dos trevos de acesso a Bandeirantes. O condutor perdeu o controle do ônibus, que bateu na guia e atravessou o canteiro central. Além das vítimas fatais, outras 22 pessoas sofreram ferimentos. Oito ainda seguiam internadas.

O delegado de Bandeirantes, Michael Araújo, aguarda as perícias do tacógrafo do ônibus e das condições mecânicas do veículo para precisar as causas do acidente. Os laudos serão elaborados pelo Instituto de Criminalística de Londrina (IC) e devem ficar prontos em até 10 dias.

"Em uma análise inicial concluímos que o ônibus trafegava a 105 quilômetros por hora no momento do acidente, em um trecho onde a velocidade máxima permitida é de 60 km/h. Os depoimentos são convergentes e apontam que o ônibus empreendeu uma contínua alta velocidade durante a viagem", relatou. Após o acidente, o motorista alegou que o veículo apresentou problemas de freios. "Há marcas na via de frenagem de 30 a 40 metros. O freio foi acionado antes da colisão", garantiu o delegado, que tem 30 dias para concluir o inquérito policial.

A polícia investiga também a informação que o ônibus teria sido multado em Foz do Iguaçu por excesso de bagagem. "Vamos necessitar de um tempo maior, já que precisamos ouvir os demais passageiros que retornaram para São Paulo. O motorista recebeu alta na segunda a noite e também já voltou. Mas já solicitamos que ele se apresente imediatamente. O seu depoimento é fundamental", frisou Michel Araújo. O segundo motorista, Roberto Lopes Soares, que dormia no bagageiro no momento do acidente e que fraturou os dois pés, também será ouvido.

Dos feridos, quatro seguem internados na Santa Casa de Bandeirantes, três na Santa Casa de Cornélio Procópio e um, em estado grave, no Hospital Universitário (HU) de Londrina. De acordo com a assessoria de imprensa do hospital, Patrick Barbosa Pinto, de 19 anos, segue sedado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e respira com a ajuda de aparelhos. Ele sofreu traumatismo craniano e corre risco de morte.

Para quem sobreviveu, o susto ainda não passou. "O passeio virou uma pesadelo", relata Camila Aparecida de Oliveira, de 25 anos, que segue internada em Bandeirantes, com fissura na bacia e lesão nas costas. "Quando acordei o ônibus já tinha tombado e eu fiquei pendurada apenas pelo pé. Foi horrível. Tinha muitas pessoas presas e caídas sobre outras", relembrou. Camila viajava junto com a mãe, Neuza Oliveira, de 50 anos, duas primas e três sobrinhas, entre elas uma de 13 anos, que acabou morrendo. "Eu vi ela nascer e foi criada junto com a minha família. Era como se fosse uma filha", contou dona Neuza, que fraturou três costelas. "Saímos um pouco atrasados do horário combinado e o motorista correu muito. Não precisava tanta pressa já que estávamos voltando para a casa", frisou a moradora da Vila Marcelo, na região de Parelheiros, zona sul de São Paulo.

folha de londrina
Lucio Flávio Cruz
Reportagem Local
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